Lideranças discutem novo Código Florestal na Aleam
A Comissão do Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Amazonas realizou, na tarde desta terça-feira (28), uma audiência pública para discutir o novo Código Florestal, cujas mudanças aprovadas recentemente pela Câmara dos Deputados em Brasília dividem as opiniões de especialistas, cientistas, políticos e lideranças empresariais no País.
O projeto que propõe um reordenamento das atividades no campo ainda precisa, porém, ser aprovado pelo Senado para virar lei.
O encontro, realizado no auditório João Bosco Ramos de Lima da Aleam, reuniu estudantes, professores, representantes de órgãos institucionais de fomento das atividades no campo, entre outras lideranças do setor na região. As discussões foram focadas principalmente nos que defendem “arduamente” o novo Código Florestal e os que veem as alterações como uma ameaça aos agricultores, principalmente às áreas de várzeas produtivas na Amazônia.
“Não estamos aqui para mediar um cabo de guerra entre as lideranças do setor agropecuário, produtivo. Nosso objetivo é discutir as mudanças do novo Código Florestal, definir aspectos pontuais e elaborar um relatório que será enviado para o relator do projeto de lei, deputado Aldo Rabelo (PCdoB), em Brasília”, disse o deputado Luiz Castro (PPS), presidente da Comissão do Meio Ambiente da Aleam.
Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária no Amazonas, Muni Lourenço Silva, o novo Código Florestal representa os anseios de pelo menos 99% do setor agropecuário do País. Contestando os que consideram as mudanças como uma ameaça às empresas e ao meio ambiente, ele disse que a proposta permitirá ao setor agropecuário a regularização das áreas de várzeas no Amazonas, onde hoje estão em atividade cerca de 120 mil produtores.
“O deputado Aldo Rebelo percorreu todo o Brasil ouvindo as principais lideranças do setor produtivo. E o novo Código Florestal representa as principais reivindicações do segmento. Ele não foi elaborado aleatoriamente”, disse Muni Lourenço.
Ele acrescenta que, se as mudanças não forem aprovadas no Senado, haverá um impacto direto na economia do País, em especial nos preços dos alimentos, ameaçando uma possível volta da ciranda financeira e da alta inflacionária.
Crítico contumaz do novo Código Florestal, o coordenador de Extensão do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Carlos Roberto Bueno, disse que as propostas estão totalmente desvinculadas das peculiaridades regionais do Amazonas e da Amazônia como um todo. “O Brasil é um país continental.
O projeto foi elaborado sem que fossem levadas em consideração as características de cada região” , contestou o especialista. Segundo ele, proibir cultivos nas áreas de várzea, como defende o novo código, é acabar com uma atividade agrícola de mais de 400 anos na região. “Muitas pessoas dependem diretamente desses locais para sobreviver”, alertou Bueno.
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